quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Robalos na desova.

Nestes 3 primeiros meses do ano, o robalo por norma, aproxima-se mais da costa para completar mais um ciclo do seu crescimento e desenvolvimento: o acasalamento e a desova.
Preferencialmente nos fundos de pedra e areia, fundos arenosos ou com laminárias que agora iniciam o seu crescimento atingindo o pico nos meses mais estivais (aparecendo autênticos jardins).
Normalmente apetece-me começar qualquer comentário com: “tudo isto é muito variável…”, ou “não existem certezas…”, ou “não está provado cientificamente…”, ou “…”, de facto nesta pesca do robalo, se há coisas que existem são incertezas e no pesqueiro ao lado podem já ser certezas, ou …não. É nisto que para mim radica a beleza do Spinning ao Robalo – temos de estar sempre preparados para aprender. Mas adiante…
Gosta das águas extremamente oxigenadas (águas brancas), onde caça habitualmente, nos fundões ou num palmo de água, ou esperando escondido que a corrente lhe traga a comida até à boca. Como predador por excelência que é, avalia sempre o rácio esforço – beneficio, não dispondo do primeiro em detrimento do segundo. É oportunista e astuto.
Caça mais frequentemente em mares mexidos, nas zonas de rebentação, em pedras ilhadas no rebojo oxigenado destas, prefere a descontinuidade do relevo marinho de pedra e rocha a fundos totalmente arenosos e planos.
A sua alimentação é muito abrangente e varia muito ao longo de uma época de pesca, como aliás já o referi em "A amostra em função da época de pesca".
O robalo é um predador por excelência, e por conseguinte, aproveita todas as oportunidades: as correntes marinhas, a oxigenação das águas, a camuflagem, o movimento das areias, a pressão atmosférica, o período do dia, a influência da lua nas marés, a zona de rebentação das ondas, os fundões, as saídas de água doce, o ângulo solar e a refracção da luz, a turbidez das águas, enfim, tudo isto, o nosso amigo Robalo conhece e utiliza na perfeição em seu próprio beneficio, tendo como único objectivo capturar as suas presas. A sua voracidade impele-o a continuar a caçar.

Nestes meses, os robalos visitam mais frequentemente a costa, por isso se apanham grandes exemplares que normalmente não exigem muito do nosso equipamento, pois encontram-se mais debilitados fisicamente em virtude do período extenuante que tiveram ou ainda estão a ter : o acasalamento e a desova.
Nesta altura o seu comportamento é muito mais variável (como se não o fosse sempre!), e nós temos de ser muito mais criteriosos (temos de saber procurar os picos de maior actividade), pois é normal os machos não largarem as fêmeas para fecundarem as suas desovas, não ligando por isso, nada ás nossas amostras.
Mas, rapidamente e avidamente procurarão recuperar energias… talvez tenha chegado então o momento de nós também mudarmos a nossa estratégia para os capturarmos, sobretudo agora que os grandes exemplares estão mais facilmente ao alcance das nossas amostras.
É isso que eu faço.
Boas Pescarias para todos.

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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

As amostras...

Node 130S da Tackle House.

Eu sou um admirador confesso das amostras da Tackle House, não por ter qualquer interesse comercial, não, nem com esta marca nem com qualquer outra, todas as amostras que possuo são todas por mim adquiridas e muitas centenas delas são para esquecer e para encostar. Mas as da Tackle House não.
As Feed Shallow deram-me sempre excelentes capturas ao longo destes últimos anos, as K-Ten idem aspa, e há dias chegaram-me 3 Node 130S, que farei trabalhar brevemente.
Tive oportunidade de as experimentar primeiro em água doce (como gosto de fazer) e “vê-las” evoluir em recuperações e acções de cana diferentes. Gostei, continuam com a mesma fiabilidade e de certeza a mesma eficácia no seu “terroir”.
Apesar da diferença da densidade da água, pude observar o seu wobling inconfundível a uma profundidade que não descerá muito abaixo dos 60/80 cm de profundidade, na água salgada.
Vai ser concerteza uma das minhas amostras preferidas neste Verão, e espero que com a mesma eficácia das anteriores da Tackle House, cá estarei para vos comunicar.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

A amostra em função da época de pesca.

Este é mais um daqueles “factores” a conhecer: a época em que se pesca; é que ela varia ao longo do ano.

De facto os nossos amigos robalos não se alimentam da mesma maneira ao longo do ano, eles vão variando a sua alimentação. Começam normalmente por caçar pequenas presas e terminar com presas maiores e mais volumosas, com o objectivo de acumularem forças para o Inverno e para um período extremamente desgastante para eles: a desova.
No início da época, que coincide com o fim da desova (fins de Março), os robalos terão passado pelo período mais desgastante da sua existência (o Inverno e a desova) e terão tendência para procurar e caçar pequenas presas de que alimentarão.

Nesta altura as águas estarão um pouco mais frias (isto é relativo pois a temperatura na nossa costa não desce muito, mesmo no Inverno, abaixo dos 10/12 ºC, ...e será isto frio…), mas enfim, é a altura por excelência de lhe apresentarmos pequenas amostras de meia-água, fundo ou pequenos jig heads de vinil que animaremos mais lentamente, já que ele se encontra um pouco "adormecido" com as temperaturas mais frias. Esta é também a altura de privilegiar os rattlins, com o objectivo de os ajudar e incentivar a atacar a nossa amostra.

Se bem que se possa pescar todo o ano com amostras de superfície, e eu faço-o, talvez esta não seja a altura ideal para se utilizar com mais frequência estas amostras.
Á medida que a época avança apresentaremos ao nosso amigo robalo amostras mais volumosas, pois as águas terão tendência a aquecer, o que lhe provoca mais actividade e naturalmente o fará procurar as suas presas à superfície. Será então a altura de utilizarmos com mais frequência as amostras de superfície com a velhinha e mortífera Super Spook, o Z-claw, as Sammy, o Gunnish, os popper e muitas outras.

Logo a seguir ao Verão e antes do Inverno, começa-se a fechar o ciclo e os robalos terão tendência a capturar presas maiores para assim constituirem mais reservas para o período desgastante que se avizinha: o Inverno e a sua reprodução, completando-se assim mais um ciclo da sua vida.

E lembrem-se, as fêmeas só atingem a sua maturidade sexual por volta dos 4/5 anos de idade e um comprimento superior aos 42 cm, por isso é nossa obrigação permitirmos que elas cumpram pelo menos uma vez na vida o seu dever: a reprodução.
Animais com menos de 42 cm de comprimento devem ser imediatamente libertados.

Este e outros assuntos são continuados e debatidos em:

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domingo, 10 de fevereiro de 2008

A influência da Lua e a Teoria de Knight.

Desde tempos imemoriais que o homem sabe que lua tem influência sobre a vida na terra. O mar também não escapa a esta influência. De facto o nosso satélite tem influência sobre os níveis da água do mar (as marés, e isto está provado cientificamente), mas não está sobre a actividade dos peixes, contudo pensa-se por observação ao longo de muitos anos, que a lua, bem como outros factores, poderão ter alguma influência sobre a maior ou menor actividade dos peixes.

A Lua está ligada ao movimento das marés, e estas têm influência directa na actividade dos peixes. Normalmente quando a maré é alta os peixes entram num período de maior actividade.
Pessoalmente, não dou muita importância à influência da lua na pesca, considero outros factores bem mais importantes, todavia e para aqueles que pensam de forma diferente, apresento uma tabela de um grande pescador americano – Jonh Alden Knight, que ao longo de muitas jornadas de pesca e de muitas observações, compilou esta tabela, que rapidamente se democratizou e se espalhou por todas as lojas de pesca e por todos os pescadores desportivos.


 
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Um salva-amostras.

Para quem se está agora a iniciar no Spinning de mar, este aparelhinho fácil de construir pode salvar-nos de muitos dissabores, desencantos e prejuízos. Manda o bom senso tê-lo sempre á mão, sobretudo no início, é que a carteira agradece.
As amostras artificiais utilizadas no Spinning são caras (podem variar dos 8€ aos 50€ cada uma) e a falta de experiência do pescador que se inicia nesta prática, o não conhecimento do mar e da sua dinâmica, das ondas e das correntes, dos fundos e das características da nossa própria amostra, pode fazer com que se prenda nos fundos, nas laminárias, nos mexilhões e lapas, ou numa qualquer pedra submersa, e se corra o risco de a perder.


Para obviar esta situação e para recuperar a nossa amostra preferida, nada melhor do que um Salva-amostras construído por nós. Existem outros modelos e outras formas, mas este foi construído por mim e salvou-me algumas amostras no início. Desculpem a apresentação, mas este salva-amostras já estava arrumado à bastante tempo... a descansar do trabalho que já teve.
Garanto-vos que é uma enorme alegria conseguirmos tirar uma amostra engatada do fundo do mar.
Então vamos lá arregaçar as mangas ...
Ingredientes:
  • 1 mosquetão dos grandes

  • 3 correntes de cerca de 25/30cm cada
  • Supercola e fio
  • 40 metros de fio (leve e fino, impermeável e resistente)

  • 20 minutos de dedicação...e muita satisfação no final
Tudo o que têm de fazer depois de sentir a amostra engatada é abrir a mola do mosquetão e introduzir a linha madre. Depois levantar a cana bem na vertical, e fazer descer o seu salva-amostras até à amostra engatada e a recuperar, dando-lhe ao mesmo tempo fio. Quando chegar à amostra presa no fundo, os elos do cadeado engatar-se-ão com facilidade nas fateixas do seu salva-amostra e depois é só puxar pelo seu fio.
Sem nenhum esforço aí tem a sua amostra recuperada e nas suas mãos. Parece difícil e complicado mas não é. É fácil, e depois até continua e pescar com outro ânimo...
Este é mais ou menos o aspecto final do seu Salva-Amostras. É um pequeno instrumento, muito útil, sobretudo para quem se está a iniciar nesta espetacular modalidade que é o Spinning de Mar com Amostras artificiais.
Felicidades e ...dêm-lhe pouco uso.
Boas Pescarias para todos.



sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Os hábitos e as medidas.

O robalo é o troféu por excelência de qualquer pescador desportivo. Este belo animal astuto e vigoroso, é um caçador incansável e oportunista. Da sua anatomia, destaca-se um corpo longo e aerodinâmico possuidor de uma poderosa barbatana caudal que lhe permite uma arrancada rápida e fácil. Está presente ao longo de toda a nossa costa, preferindo zonas de águas muito oxigenadas (brancas), onde aproveita a camuflagem que esta proporciona para caçar as suas presas preferidas, se bem que também possa caçar em zonas mais calmas. Os seus territórios preferidos de caça são as zonas mistas de areia e rocha (predominantemente esta), bem como os canais de passagem, onde se coloca escondido à espera que a corrente lhe traga as suas presas. Como todos os predadores é oportunista e extremamente voraz, não perdendo nenhuma oportunidade de se alimentar. O robalo é um predador que caça em muito pouca água e muito perto da costa.

A época; o coeficiente da maré; as horas e os lugares de pesca.

O aliciante da pesca ao robalo é que nada é imutável, tudo se altera e não existem certezas absolutas. Ele aparecerá onde menos se espera e o seu contrário também é verdadeiro. Contudo, podemos constatar algumas coisas:
Se bem que o spinning de mar desde a costa, possa ser exercido praticamente durante todo o ano com amostras de superfície, meia-água e fundo, a época por excelência da pesca ao robalo vai desde Março a Novembro, dependendo dos anos. Os melhores coeficientes de maré são os compreendidos entre 50 e 70.

Consideramos, sem alguma certeza científica que as 2 últimas horas da vazante e a primeira da enchente, normalmente são de maior actividade do peixe, voltando mais tarde com a primeira hora da enchente e a última da vazante.


Mas tudo isto é muito variável, não existindo nenhumas regras precisas para a pesca do robalo, tornando-se assim mais um aliciante e um verdadeiro desafio a sua pesca.


Tabela de medidas do robalo em função da idade e sexo

Tamanho mínimo de captura permitido - 36cm

(corresponde a apróximadamente 4 anos de idade).


Uma compilação de diversas unidades de medida mais comumente utilizadas:


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terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

A eficácia nas capturas.

Será que poderei aumentar a eficácia nas minhas capturas? Como o poderei fazer?

Se alguém soubesse, tinha acabado de descobrir o santo graal da pesca desportiva, contudo existe um conjunto de regras e equipamentos que de alguma forma podem contribuir para maximizar a eficácia nas nossas capturas. Eis algum do meu contributo:


  • O equipamento - No spinning, é uma das componentes fundamentais - um conjunto correcto e equilibrado de cana e carreto e bem adapatado ao pescador. Nós temos de fazer as nossas caminhadas em busca do nosso amigo Robalo, e andar de pedra em pedra, pode tornar-se perigoso se não estivermos devidamente equipados. Por isso cana até 3 metros no máximo e acção até 60 gr, carreto até 4000 são mais que suficientes para a maioria das situações de pesca na nossa costa. O calçado é outro factor muito importante, devemos ter extremo cuidado com as pedras molhadas e cobertas de limo - são extremamente traiçoeiras e perigosas. Devemos utilizar calçado com sola em feltro com ou sem cravos, antiderrapante. E ter muito cuidado, lembrem-se a segurança sempre em primeiro lugar.

  • As melhores amostras - Se bem que entre as pedras bem afiadas, as lapas e os mexilhões sejam um risco constante para as nossas amostras, é entre os canais (às vezes pequenos e baixos) que se encontram os grandes Robalos a caçar. É aqui que a amostra mais aconselhadada para a situação se torna a mais efectiva, e nunca... "Ah vou usar esta amostra que é a mais barata, assim se a perder não interessa..." - Às tantas o que se perdeu foi um bom peixe troféu, só por não se ter usado a amostra mais adequada para aquela situação.

  • Perder uns euritos também faz parte do processo de aprendizagem.

  • As cores - Águas mexidas/brancas - Aposto em amostras mais chamativas e sobretudo no rattlin e no wobling das amostras, cores fortes. Águas paradas - As cores mais naturais e amostras mais pequenas, dou muita importância à apresentação e ao lançamento. Nada de ruídos, projecção de sombras ou vestido de cores garridas, no lançamento tento sempre que a amostra caia o mais discretamente possível na água e sempre em ângulo recto em relação ao plano de água (para isso uma simples travadela do fio proporciona uma queda mais vertical e impede também os indesejavéis enliamentos.

  • Fateixas e anzóis - sempre em optimo estado, é preferível substítui-los logo que note-mos alguma oxidação (a lima, ou coca-cola, ou...nada resolvem, apenas os enfraquecem). Fateixas e anzóis de excelente qualidade-sempre. Ás vezes para pouco fundo podemos substituir as fateixas por um anzol - engata menos e as capturas são as mesmas, mas sempre em excelente estado de conservação. Ninguém quer perder "aquele" robalo só porque os anzóis estavam oxidados e partiram ou vergaram.

  • Variedade na recuperação - Nunca faço uma recolhida linear, tento sempre imprimir variedade de movimentos no trabalhar da amostra, os Robalos fazem muito bem os seus cálculos de energia e não atacam uma amostra que se desloque com demasiada rapidez, mesmo que seja a amostra xpto e lhe passe mesmo em frente. Devemos dar "vida" ás nossas recuperações e intercalá-las com pausas de variado comprimento. Muitas vezes é nestas situações que o robalo ataca a nossa amostra.

  • As Linhas (o multifilamento e o fluorcarbono) - As braided lines dão cartas. Os multifilamentos são para mim melhores que os nylons, pode-se pescar mais fino e com melhores resultados e lançamentos bem mais longos (mesmo com vento). Por norma, eu utilizo um baixo de fluorcarbono com cerca de um metro.
O Robalo merece todo o nosso respeito. É um ser que luta com nobreza, e que nos dá uma alegria incrível quando o conseguimos capturar. Se porventura verificamos que não tem as medidas minímas legais, devemos devolvê-lo imediatamente ao seu meio. Apesar das medidas mínimas serem de 36 cm para o robalo (uma verdadeira estupidez!), as fêmeas só se reproduzem com cerca de 42 cm de comprimento - é nossa obrigação conceder-lhes o direito de pelo menos uma vez na vida cumprirem o seu ciclo natural - a reprodução. No fundo todos nós lhes agradeceremos.

E para aqueles que agora começam a tentar compreender os hábitos deste belo animal que muda todos os dias, é preciso ter perseverança e sangue-frio. No início muitas amostras e peixes se perdem pela ansiedade demonstrada, mas como tudo na vida a experiência tratará de a resolver.
Quando sinto que tenho um bom exemplar ferrado, aprendi a disfrutá-lo, e a esquecer-me um pouco da obsessão de tirá-lo rapidamente.
Enfim, muito mais se poderia dizer, mas é este o aliciante desta pesca, estamos sempre a aprender (todos), nada é imutável e ainda bem que assim é.

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